Ao se tratar de identidade cultural, as brincadeiras são fortes pilares que ajudam a contar a história de um povo. Transmitidas oralmente por gerações de adultos e crianças, elas representam saberes históricos em suas cantigas, revelam modos de fazer tradicionais em suas dinâmicas e expressam suas crenças. As brincadeiras indígenas, por sua vez, são o reflexo de uma grande liberdade que as crianças têm no brincar, sendo livres para circular pelos territórios, para mergulhar em rios e escalar árvores, é comum que se tenha a natureza como pano de fundo de seus passatempos.
Para além da peteca, do arco e flecha, do cabo de guerra e outras atividades que podem surgir à mente ao pensar em brincadeiras indígenas tradicionais, é necessário também olhar para o recorte do século XXI, em que as crianças indígenas no Brasil estão inseridas no contexto escolar e envolvem-se nas disputas esportivas e interagem com as brincadeiras e jogos tradicionais brasileiros.
Essa troca resulta em novas brincadeiras que ganham espaço no imaginário lúdico das aldeias indígenas pelo Brasil e passam a contar a história recente desses povos. Confira algumas delas, registradas na primeira e segunda temporada da websérie Auê:
Flaici
A brincadeira Flaici nasceu do contato das crianças da Escola Estadual Indígena Cel. Nestor da Silva, nas terras indígenas do Rio das Cobras em Nova Laranjeiras (PR), com os tradicionais jogos de mãos. Adaptada à língua Kaingangi, a atividade se torna um importante momento de integração e fortalece os laços de amizades entre as crianças da aldeia. Outro exemplo de nova brincadeira indígena é o Pikachu Kaingang.
Barata
As crianças da aldeia Marangatu e estudantes da Escola Estadual Indígena Mbyja Porã, em Guaíra (PR), criaram a brincadeira do "Barata", uma derivação do pega-pega que, quem for pego vira uma barata e precisa correr para alcançar o colega. As crianças brincam às margens do Rio Paraná, próximo ao local onde existia o "Salto das Sete Quedas", maior cachoeira do mundo até 1982, quando desapareceu com a formação do lago da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Esse cenário evidencia como o contato com a natureza se incorpora às brincadeiras indígenas. Confira:A onça e a galinha
A onça quer pegar os pintinhos, mas não poderá mexer com a galinha, que tentará ajudar seus filhos a escaparem das garras da felina. Este é o enredo da brincadeira que nasceu da observação das crianças indígenas de Nova Laranjeiras (PR). Veja:
Futebol Kaingang
A paixão pelo futebol também chegou às meninas indígenas do Colégio Rural Estadual Indígena Rio das Cobras. A prática do esporte vem sendo discutida pela comunidade científica como uma brincadeira incorporada à cultura indígena e amplamente praticada pelo povo Kaingang:
Websérie 'Auê' discute as brincadeiras indígenas pelo Paraná
A segunda temporada da série Auê esteve na aldeia Marangatu, na cidade de Guaíra (PR), às margens do grandioso rio Paraná. Lá, foram gravados cinco episódios que refletem a diversidade e riqueza das brincadeiras indígenas dessa comunidade: e tradicional corrida de tora, as diversões aquáticas nas águas do “Paranazão”, o jogo de amarelinha, a brincadeira com água ensinada pelo professor de educação física e a emocionante participação do time da escola na semifinal do campeonato. Um novo episódio é lançado toda quinta-feira no canal da Parabolé, no Youtube. Clique aqui e inscreva-se para não perder nenhum episódio!
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